"Louvado sejas, Pai da Vida, distribuidor de alimentos"
O Rio Nilo ( nah-ul-nil, na pronúncia árabe) é o maior rio do mundo em extensão : 6.450 km. - e uma dos mais importantes rios da Terra.
Nasce a 621 m. acima do nível do mar, de um escoadouro em direção norte do Lago Vitória (na África, sul do Equador).
Suas águas atravessam os lagos Kioga e Alberto recebendo, em seu trajeto, inúmeros riachos e ribeirões das montanhas africanas.
Percorre muitas regiões pantanosas e longas estepes, onde uma infinidade de animais selvagens saciam a sua sede.
Esse é o Nilo Branco (anuíl-ul-abyad), com 25 milhões de metros cúbitos de água por ano.
Uma outra corrente, o Nilo Azul (anuíl-ul-azraq), com 50 milhões m3 /ano, nascida no Lago Tana ( na Etiópia ), associa-se a ele perto da moderna cidade de Kartum (16º lat.N.).
Nessa união os Nilos Branco e Azul perdem seus adjetivos, denominando-se daí por diante, Nilo , simplesmente.
O último afluente é o Atbara (10 milhões m3/ano), que a mais de 300 km. da capital sudanesa, lança suas águas nas estações chuvosas.
As nascentes do Nilo foram descobertas somente em fins do século passado.
Nos tempos antigos havia profecias e suposições fantasiosas a seu respeito : o historiador romano AMIANO MARCELINO, por exemplo, vaticinava a impossibilidade "para todo o sempre, de que os homens as pudessem atingir".
HOMERO as descrevia como "provindas do céu".
Em inicios do Século XIV, o árabe IBN BATUTA (Abu 'Abdallah Muhammad Bem-'Abdallah Bem-Batuta), deixando sua cidade natal Tanger (no Marrocos), em sua obrigatória peregrinação muçulmana a Meca (na Arábia Saudita), deteve-se diante do Nilo impressionando-se pelas peculiaridade do sentido das águas.
Centenas de investigações se sucederam e 300 anos mais tarde, PERO PAIS e JERÔNIMO LÔBO, jesuítas portugueses, chegaram às nascentes do Nilo Azul.
Com as descobertas do grande Lago Vitória (1858) por SPEKE, em meados do Século XIX, do Lago Alberto (1864) pelo casal BEKER e do Lago Eduardo, pelo jornalista HENRY MORELAND STANLEY (do "Herald de New York"), em 1889, reconheceu-se o amplo sistema lacustre africano e esclareceu-se as reais nascentes do Nilo.
Fora da temporada chuvosa, o Vale do Nilo é constituído de inúmeros "wadis" (= leitos secos de rios).
Em seu trajeto, sempre em sentido Norte, o capricho da natureza impõe-lhe que atravesse só desertos e as colinas leoninas de pedras arenosas da Núbia.
O rio tem 6 cataratas, contadas em sentido contrário ao curso do rio.
Todas localizam-se em terras da República do Sudão, exceptuando-se a primeira, fixada na República Árabe do Egito (que já foi "República Árabe Unida" - RAU ).
A 2ª catarata, a "Barriga de Pedras" (batn-el-hajar), está hoje submersa pelas águas do Lago Násser (buheiret-en-Nasser).
Depois de atravessar as ilhotas graníticas de xistos e diorites, formadoras dessa catarata submersa, o cenário agreste das margens é substituído por uma vegetação alegre, desenvolvida abundantemente, como se lhe tivesse dado um toque mágico.
Entramos no Egito !
A palavra "Egito" parece derivar da egípcia 'Hikuptah' ou 'Haîlouphtah' (= Casa dos Espíritos de PTAH), que designava o templo principal da antiga Mênfis, em grande número de textos hieroglíficos.
Vários pesquisadores egiptólogos, como F.PETRIE, DÜMICKEN, GASTON MASPERO e BRUGHSCH, aceitam a teoria de que o nome vem de "Hakupta" - como HERÓDOTO chamou a cidade de Mênfis.
Essa é a única palavra que mais se aproxima à transcrição grega "Aigyptos" (termo usado na "Odisséia" [ XVIII,448] para nomear o Nilo), responsável pela moderna "Egito".
Os egípcios também chamavam seu país de "Ta meri" (= terra adorada) ou "Ta noutri" (= terra dos deuses).
O nome "EGITO" aparece 680 vezes na Bíblia.
Os coptas chamam o Egito pelo nome de "Qamit", "Qaïmit" ('Chemi' / 'Kemit').
Os povos semitas o qualificavam de "Mazor" ;
os hebreus, "Misraim" ;
os persas , "Mudraya" ;
os assírios chamavam-no "Mousri" (= a fortificada), certamente aludindo a antiga muralha que limitava o ístimo de Suez.
"Aegyptus", em latim ;
"Elkabit" , em turco ;
"Arya" , em etíope .
O nome atual do Egito, em árabe é "Misr" ou "Masr", que deriva de uma dessas formas.
Segundo o Dicionário Árabe "Al Munjied", essa palavra significa "o limite" entre duas terras ou entre duas coisas.
À partir de 661, no tempo dos primeiros califas Omíadas, de Damasco, tal nome era usado para designar esse limite do império, ou seja, o "Cairo" (El Káhira) e seus arredores.
Depois, os califas Abássidas de Bagdá (750) continuaram a utilizá-la, chegando até nós.
No governo do presidente Gamal Abdel Násser, houve uma união do Egito com a Síria, passando os dois países a se chamarem "República Árabe Unida".
Hoje
O nome oficial do Egito é
"República Árabe do Egito".
"República Árabe do Egito".
Bandeira, brasão e Hino Nacional
A capital do Egito é a cidade do CAIRO e antigas lendas dão a Ilha Roda, próxima à Gezira, como o local onde a irmã do faraó encontrou o pequeno MOISÉS nos caniços, num cesto de vime.
Prosseguindo no curso do Nilo, à Oeste, para além das plantações das margens, nota-se a presença do Deserto Líbico, realçado acolá pelas colinas errantes e aquém, pelas depressões ubertosas.
À Leste de Assiût, nasce um braço do Nilo, o Bahr Yûcef ( = Canal de José : uma referência ao ministro semita relatado no "Gênesis" bíblico ), que o acompanha paralelamente até chegar à depressão de El Faiúm, formando o Lago Qarum ( = Birket Qarum), situado a 44 m. abaixo do nível do Mediterrâneo.
[ 'Mei-uere' (= grande lago) ou 'Um-eres' (= água grande), denominado "Moeris" ou "Ph-Ium", na época de HERÓDOTO. Com essa palavra "Ph-Ium", os árabes fizeram "El Faiúm". Em copta é "Phiom" (= o lago) ]
Essa foi uma importante atividade do governo de NE-MAAT-RÁ AMENHAT (AMENEMAT III)
Aí, em El Faiúm, seus primitivos habitantes "fizeram nascer um grandioso comércio de
madeiras aromáticas,
frutas,
trigo,
sal,
soda natural e
peles.
De cor escura e fértil, a área denominada Faiúm tornou-se um recurso favorecido dos faraós, que aí construíram barragens.
"Recuperaram para a cultura terras férteis, até então cobertas por lama e, elevando um dique, utilizaram uma depressão natural, o Lago Moeris, para armazenar água durante a cheia e distribuí-la pelo Baixo Egito, durante a seca "
( LIGA DOS ESTADOS ÁRABES DO BRASIL - "O Mundo Árabe").
O Deserto Arábico, a Oriente, apresenta um aspecto mais tenebroso, com o solo marcado por fundos "wadis", nas temporadas de poucas chuvas e pela sáfara barreira protetora de montanhas que se levantam entre o Nilo e o Mar Vermelho.
Largo, de um azul lamacento, o Nilo tem 800 m. de largura, em média.
Por fim, deságua no Mediterrâneo formando um cálice e corola estilizadamente assemelhado ao da flor de lótus ("ninphea lotus") : ninfácea sagrada do país, símbolo do Alto Egito.
Assemelha-se também à letra "D" do alfabeto grego : porisso é chamado de "Delta" do Nilo.
"A lótus medra nos riachos e à beira dos lagos.
Há duas espécies: uma de flor branca e outra azulada.
A primeira apresenta uma raiz redonda, idêntica à batata.
Os habitantes alimentavam-se delas"
( SAVARY - "Cartas sobre o Egito").
No Período Helenístico foi introduzida a lótus de flor vermelha.
Por causa da intensa luminosidade refletida pela areia dos desertos, a oftalmia é uma doença muito frequente, razão pela qual usam muito "khol" nas pálpebras o que deixa muito forte e sedutor o olhar feminino.
O Delta era designado pela palavra egípcia 'mehit'.
Tal palavra, entretanto, servia para indicar 'campo bordado de papiros'.
Papiro (= "cyperus papyrus") : planta hidrófita, símbolo do Baixo Egito, mas também usada
na alimentação,
no fabrico de cestos,
sandálias,
caixas,
cordas,
peneiras,
barcos,
assentos nas cadeiras,
palha,
papel
e até mesmo como tecido.
Os pântanos atapetados de nenúfares eram chamados 'cha' e os canaviais 'sekhet'.
'Pehú' era a designação dos charcos criados pelas águas em retirada.
Os antigos iônios diziam que o Egito deveria ser somente o Delta, porque o resto pertence à Líbia ou à Arábia.
O rei SESÓSTRIS e seus sucessores, cavaram um canal que seguia da ponta egípcia do Mar Vermelho para oeste, encontrando-se com um braço do Nilo.
Era conhecido como 'Canal dos Faraós'.
O imperador romano TRAJANO mandou dragá-lo , mas encheu-se de areia e hoje está desaparecido.
Nas margens do Nilo outrora floresceram importantes cidades como
Tânis ,
Heliópolis ,
Mênfis ,
Hermópolis ,
Akhetáten (= Tel-elAmarna) ,
Assiut ,
Ábidos ,
Tebas,
Luxor ,
Kerna,
Napata e
Meroe ;
importantes templos como os de Akhetáten ,
Karnak ,
Edfú ,
Kalabsha ,
Abu-Simbel ,
e as grandiosas massas piramidais dos conjuntos de Sakkara , Gizé , Meidum e Abussir.
No Egito o clima é seco e quente ; a chuva é quase desconhecida.
"Conforme o testemunho dos soldados do general BONAPARTE, nunca chovia no Cairo e muito raramente em Alexandria ; o Duque de Ragusa, que governou Alexandria desde novembro de 1789 até agosto de 1799, só viu chover uma única vez e apenas durante 1/2 hora.
Atualmente chove lá uns 30 ou 40 dias e às vezes mais, durante o inverno. No Cairo chove 15 ou 20 dias"
( CESARE CANTU - "História Universal", pag. 460).
Dos 1.002.000 km2 do país, somente 53.000 km2 são cultiváveis -e deserto, completamente inóspito, estéril.
Mas o Nilo "importa" a chuva para o egípcio : a estação chuvosa em suas nascentes, é de junho a setembro.
No mês de junho o Nilo tem pouca água, mas em fins do mês começa a crescer, em consequência das tempestades que vêm abaixo.
Essas massas d'águas arrastam consigo aquelas terras fertilizantes, denominadas 'humus' (= o antigo habitante do Nilo chamava essa terra fértil e negra, de 'kemet' - para diferenciá-la da 'dashrit', a inóspita areia avermelhada do deserto) que, formando depósitos, constituiu pouco a pouco o vale egípcio, com terra arável.
Pelos meados de julho o rio transborda, cobrindo os campos.
Os inúmeros canais recebem água para ser distribuída nas terras distantes e os reservatórios se enchem, garantindo a irrigação dos campos inatingidos.
Em setembro a cheia atinge o grau máximo (700 milhões m3/ano) ;
em outubro começa a descer ;
em dezembro volta ao seu leito normal e, então, a plantação se inicia.
Só em abril e maio a colheita é efetuada.
Em termos mais práticos, são estas as atividades agrícolas :
Na estação AKHIT começa a inundação : 16 côvados (= 6m.) era o ideal.
Setembro - vindimas e sementeira.
Novembro - semeadura do trigo, quando as águas se retiram ;
Desabrocham os narcisos e as violetas,
Colhem-se as tâmaras e as frutas do sebesteiro (cordia).
PÉRIT :
Dezembro - as árvores perdem folhagens [ no inverno europeu o Egito conhece uma 'primavera' - daí a admiração dos gregos por esse clima ].
Janeiro - as sementes de favas e linho são plantadas ;
desabrocham as flores da romã e laranjeira.
No Alto Egito o trigo está espigado.
No Baixo Egito colhem a cana, o trevo, o sene.
Fevereiro - semeia-se arroz ; colhe-se cevada.
Nas hortas amadurecem a couve e os pepinos.
Abril - mês da rosa.
Semeadura do trigo do verão.
O trevo é cortado de novo.
SHEMUT (ou Shemou) :
Maio - colheita do trigo de inverno.
Florecem a acácia e hena.
Frutas precoces são apanhadas : primeiras uvas, figos, alfarrobas, tâmaras.
Junho - No Alto Egito, colheita da cana.
Julho - plantação do arroz, colheita do linho e algodão.
Agosto - terceiro corte do trevo.
Jasmins florecem e as nenúfares nos lagos.
Palmeiras e parreirais estão carregadas.
Colheita da laranja, limão, tamarindo, azeitonas e arroz.
Hoje o curso do Nilo está regulado pelas barragens de Assuan (ou Assuã) :
a primeira, foi construída em 1902 pelos ingleses - com ela inúmeros templos ficavam quase submersos na época das cheias ;
depois, em 1950, o Presidente GAMAL ABDEL NÁSSER projetou a Nova Represa - que foi financiada pela antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS - sendo inaugurada em 1970 por ANWAR AL SADAT.
A meta era irrigar milhões de quilômetros quadrados de deserto e obter energia barata para industrialização.
Mas não foi isso o que aconteceu.
Num artigo, o geógrafo, prof. JAMES ONNIG afirma que a Hidrelétrica de Assuan concorreu para " a destruição total de importantes ecossistemas inclusive do Mar Mediterrâneo onde o Nilo desemboca.
O acúmulo de água mudou a composição do silte (areia), da argila, do limo (material orgânico composto por algas) que se depositavam nas margens do rio durante as cheias que chegavam a inundar 20 km a partir do leito.
Os problemas ficaram ainda mais evidentes quando os técnicos notaram que a represa não enchia totalmente nem nas cheias. Descobriu-se que parte da água infiltra no subsolo dificultando o enchimento completo do lago.
Estudos provaram que o limo, responsável pela fertilização das margens, agora fica todo depositado no fundo do lago depois da construção da barragem, espantando com a fertilidade das margens em plena região desértica.
Para piorar, isso aumentou a necessidade de fertilizantes industriais, que mesmo com toda a sua capacidade química não se igualam ao limo natural que fertilizou o Egito por milhares de anos."
HERÓDOTO DE HALICARNASSO, cognominado "Pater Historiae" por CÍCERO, desde jovem, com largos recursos financeiros à sua disposição, embuído por uma paixão de "saber, de ver, de contar", percorreu o mundo então conhecido, visitando o Egito em 450 aC., aproximadamente.
Todas as informações que viu, ouviu e colheu, ele as reuniu numa obra chamada "História" - os livros receberam os nomes das musas gregas
Dele é esta célebre citação :
"A maior parte do país é uma dádiva do Nilo, como dizem os sacerdotes, e foi essa a minha impressão"
( HERÓDOTO - "História" - II,X ).
Diz-nos também
"que os egípcios não são obrigados a abrir com a charrua os trabalhosos sulcos, quebrar os torrões e preparar a terra, como fazem os de outras partes.
Quando o rio rega os campos, eles abandonam ali seu e semeiam seu terreno ; e deixando aos animais o trabalho de afundar as sementes, esperam tranquilamente a época da messe "
( HERÓDOTO - "História" - II,XIV ).
E ainda ...
"No tempo de MENÉS o país era um imenso pântano"
( HERÓDOTO - "História" - II, IV ).
Os antigos egípcios festejavam religiosamente a benfazeja inundação, cuja altura normal atingia 16 côvados (= 8 m.).
Na XIII Dinastia, funcionários egípcios foram encarregados por AMENENHAT III de registrar nas pedras das margens do Nilo, na 2ª catarata, os níveis anuais das águas.
Por esse "nilômetro" avisava-se se a inundação viria alta ou baixa, tomando o Estado as medidas necessárias para assegurar o máximo de produção.
"Os egípcios primitivos, anteriores à unificação, adoravam a vida como um deus inicial.
Eles concretizavam a vida na água, sendo esta a forma de manifestação desse deus.
Parece, realmente, que a primeira adoração foi essa, a da vida "
( PIRENE - "A Moral e a Religião no Antigo Egito - Suíça, 1965).
"Assim se explica porque, na pré-história, são representadas aquelas figurinhas femininas de um corpo exagerado : significam a gravidez, o nascimento, a origem de tudo"
( Dr. APHONSO DE MORAES BUENO PASSOS - in conferência de 28/06/69, em Santos, promovida pelo autor ).
Foram recolhidos mais de 20 termos para indicar os variados aspectos do Nilo :
' iterou ' = o rio
' iôuma ' = o mar
' hâpy ' = a inundação
Cantavam hinos a HAPI, o deus do Nilo, o espírito do rio, sua essência dinâmica.
Hoje em dia os "fellahens" (= lavradores, camponeses) ainda festejam com danças, músicas e canções alegres, a chegada do extravasamento.
Tanto no caso de cheia demasiada (cuja humidade prolongada prejudicava a sementeira), como na falta de transbordamento, na época adequada, o antigo egípcio erguia súplicas aos deuses, solicitando-lhes sua regulamentação.
Ignoravam que esse milagre era o resultado do derretimento das neves das montanhas africanas equatoriais e dos fortes aguaceiros, a 6.400 km. ao Sul.
Nesse fenômeno, viam o ciclo da vida e da morte.
As infalíveis funções do rio significavam a divisão do ano em 3 períodos com 4 meses de 30 dias e 5 dias complementares, chamados "apagômenos" :
"inundação" ,
"germinação" e
"colheita".
Nos 4 meses da inundação o Nilo estava fora do seu leito, cobrindo as margens e inundando os campos ; a época da sementeira era a mais fresca do ano ; o período quente era o da colheita.
Foram os coptas que conservaram esta divisão dos meses de cada estação do ano :
" AKHIT
1º mês - Thot 29 de agosto a 27 de setembro
2º mês - Faôfi 28 de setembro a 27 de outubro
3º mês - Hathor 28 de outubro a 26 de novembro
4º mês - Choiak 27 de novembro a 26 de dezembro
PÉRIT
1º mês - Tobi 27 de dezembro a 25 de janeiro
2º mês - Mechir 26 de janeiro a 24 de fevereiro
3º mês - Famenoth 25 de fevereiro a 26 de março
4º mês - Farmuth 27 de março a 25 de abril
SHEMUT
1º mês - Pachôn 26 de abril a 25 de maio
2º mês - Paoni 26 de maio a 24 de junho
3º mês - Epif 25 de junho a 24 de julho
4º mês - Mesorê 25 de julho a 23 de agosto
( apagômenos ) 24 de agosto a 28 de agosto "
( KURT LANGE - "Piramiden, Sphinx, Pharahonen").
Do ponto de vista governamental, o Nilo era a algema unificadora do reino : a única artéria de comunicação entre o Sudão e o mar ; a única via fluvial sulcada por embarcações de todos os tamanhos, desde as pequenas, feitas de papiro ou sicômoro, até às grandes naves de luxo dos nobres, talhadas cuidadosamente em troncos de cedro do Líbano.
"Os egípcios constroem seus navios de carga espinheiro que segrega um líquido que se condensa em goma.
Do espinheiro tiram pranchas de 2 côvados (1 m.) de comprimento, que ajustam umas às outras, prendendo-as com cavilhas fortes e longas.
Colocam depois as vigas, consolidando o arcabouço pelo lado de dentro com vigas de 'biblus' (= papiro ).
Fazem o mastro e as velas, que são confeccionadas com 'biblus' "
( HERÓDOTO - "História"- II, XCVI ).
Gizé : Museu da Barca Solar de KHUFÚ (= QUÉOPS , em grego ). |
Os enormes barcos em que Faraó viajava requeriam mais de 40 remadores, enquanto as pequenas embarcações só precisavam de 2 ou 3 .
Um dos barcos de SNEFRU tinha 60 m. de comprimento.
As barcas solares de KHUFÚ, descobertas por mero acaso por ZAKI NOUR, medem 35 m. e foram executadas em cedro do Líbano, do qual se desprende ainda um suave aroma.
Uma das barcas foi reconstituída e é o atrativo do Museu da Barca Solar, bem ao lado da Pirâmide de KHUFÚ.
A outra barca permanece sepultada.
Grandes barcos de madeira, à vela e com muitos remadores. - Templo de HATSCHEPSUT em Deir-el-Bahari - |
Quando o egiptano descia o rio, içava as velas, aproveitando a brisa mediterrânea o subia, deixava-se arrastar pela correnteza, utilizando-se do remo para contrastar o vento.
Barquinhos de brinquedo de crianças egípcias. |
O solo é o que diferia a classe social de um egípcio.
Quanto mais terras possuísse, mais elevado seria seu nível na sociedade.
Os pântanos, hoje quase inexistentes, onde abundava o papiro (símbolo do Baixo Egito), repletavam-se de caça e pesca.
Ali encontrava seu alimento e recreio.
O Egito foi invadido inúmeras vezes, mas sempre conservou seu antigo sistema : o "fellah" na lama.
Seu clima é quente e seco = bálsamo para os órgãos internos.
Como nos tempos imemoriais cenário da vida nacional e sua unidade política.
Nesse cansaço de 7.000 anos, banha mansamente as construções de concreto de suas barragens e os lugares consagrados das dinastias dos
TUTMÓSIS ,
RAMSÉS ,
PTOLOMEUS e
CALIFAS.
Vista parcial de Assuan, com fellucas transportando turistas. Ao fundo, ao alto, o túmulo de Aga Khan, excêntrico milionário. |
"Quem é transportado por um barqueiro, em uma "felluca" (barcaça a vela) , sob a resplandecente luz do luar prateado, experimenta um fascínio sem igual"
( OTTO NEUBERT - "Gost in Goldenen Särgen Tut-Ench-Amun" ).
Realmente é espetacular : presenciei isto !
Poeticamente falando,
"Todo aquele que uma vez bebeu da sua água, ansiará para sempre tornar para perto dele, pois a sede não se aplacará com as águas de nenhuma outra terra"
( MIKA WALTARI - "Sinuhe Egyptiainen" ).
"QUI AQUAM NILI BIBIT AERUM BIBET" (= quem bebe a água do Nilo, bebe força) - inscrições em latim nos copos do Hotel Semíramis, no Cairo.
[ Quando estive no Egito, em janeiro de 2.000, a recomendação foi que não bebesse água do Nilo, por estar totalmente contaminada... que tomasse água mineral importada. Não bebi a água, mas enchi uma garrafinha plástica com a água dele e a trouxe, para guardar como lembrança ]
'Louvado sejas, ó Nilo !
Saudado sejas !
Saúde a ti, que vindes à esta terra para dar-lhe vida.
Quando adormeces, os mortais te entregam a vida, na miséria :
os animais enlouquecem
e a terra é prêsa de suplício.
Quando acordas, benigno e benfazejo,
homens e terras se rejubilam.
Tombam os que te contemplam em plena inundação !
Os campos se enverdecem,
os depósitos se fartam
e os bens se multiplicam.
Tu és aquele que permite a vida ao homem !
Sobem as oferendas aos deuses.
O rosto dos homens se iluminam
e se alegram os corações dos deuses.
Louvados sejas, ó Nilo !
Saudado sejas !'
( Hino ao Nilo )
Construções, obras de pintura, tesouros, utensílios e escrita foram conservados por mais de 5.000 anos, pelo ar seco e pela areia dessa terra.
"Os resultados arqueológicos efetuados em seu Vale, bem longe de despojar o país de sua prestigiosa auréola, só fizeram aprofundar o espanto e a admiração que suscitam as obras do Antigo Egito"
( KURT LANGE - "Piramiden, Sphinx,Pharaonen" ).
"... cet Egypte qui n'est pas um tombeau, mais um berceau "
( espetáculo "Son et Lumière - Les Pyramides" ).
Navios hotéis que fazem cruzeiro pelo Nilo, de Luxor a Assuan, atracados lado a lado em Edfú, ao entardecer. |
O "SONNESTA" foi o nosso navio de cruzeiro. Oportunamente acrescentarei filmagens. Clique aqui : |
Na lenda do PAPIRO WESTICAR, de Berlim, há um curioso episódio que muito lembra a passagem bíblica do Mar Vermelho. A nós não parecerá estranho que MOISÉS conhecesse esta história, porque ela já era contada há uns 1.200 anos antes dele :
"DJADJA EMANQUE, o mágico, murmurou um encantamento sobre as águas do lago, graças ao qual conseguiu levantar metade da água e dobrá-la sobre o alto da outra metade. O fundo do lago ficou assim revelado. DJADJA EMANQUE desceu, recuperou o broche perdido pela princesa, murmurou outro encantamento e a água se desdobrou à posição anterior".
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