segunda-feira, 8 de junho de 2015

A ORIGEM DOS EGÍPCIOS e a TITULATURA FARAÔNICA - Jarbas Vilela.





"Penso que eles sempre existiram, desde que há homens sobre a terra".
( HERÓDOTO  -  "História, II - XV ).





Alguns estudiosos místicos, esotéricos,  desejam incutir a idéia de que os antigos egípcios, assim como os maias, os astecas e  peles-vermelhas, são descendentes da raça Atlântida.

Dizem que um dos chefes espirituais desse gigantesco continente, submergido há 15.ooo anos, prevendo o desolador cataclisma, 

"conjecturou a necessidade de ser preparada uma nova residência e pequenos grupos emigraram para Leste e Oeste fixando-se em novas regiões e criando novos Impérios. 
Uma leva, sob a orientação de OSÍRIS, desembarcou no Vale do Nilo, não muito longe de Ábidos.
 Assim nasceu a civilização do Baixo Egito".
( PAUL  BRUNTON  -  "L'Égypte Secrète" ).



PLATÃO, em seu diálogo  "Crítias" e no  "Timeo", expressa a opinião dos egípcios descenderem dos Atlantes.





Afirmação bíblica :
"O Antigo Egito foi um povo fundado por  MIZRAIM  ou  MESRAIM, filho de  CAM".






Baseados em  investigações arqueológicas sabemos que a civilização egípcia não apareceu já formada  lá por  3.000 aC., mas foi-se constituindo lentamente, como as demais culturas e civilizações.

A população egípcia  surgiu no Paleolítico ( idade da pedra lascada ), formada de raças diferentes, das mais variadas procedências.

Algumas tribos primitivas que habitavam o Saara, outrora rico e fértil, com sua lenta aridez, foram abandonando-o lentamente.

Alguns grupos de caçadores nômadas chegaram ao Vale do Nilo, sedentarizando-se em diversas regiões, criando seus clãs.

Aí fizeram os mesmos desenhos de animais, barcaças e de uma flora compacta, luxuriante, que haviam desenhado em seus primitivos  "habitat".

Com o passar do tempo, a necessidade fez com que essas diversas povoações fossem se agrupando, passando a ter uma vida econômica baseada na agricultura e pastoreio, principalmente, exigida pelo sedentarismo.


"As tribos neolíticas  (período da pedra polida ) que habitavam o Egito, em 5.000 aC., viviam da caça e pesca, agricultura e pecuária.  Cultivavam o trigo, a cevada, o linho, criavam porcos, bois e carneiros.  Sabiam fazer facas, fivelas e anzóis de cobre, achas de pedra dura, bumerangues de madeira e objetos de marfim".
( V.DIACOV e S.COVALEV  -  "História do Mundo" ).


"É impossível saber a que raça pertenciam esses primeiros habitantes  (ainda não foram encontrados esqueletos que datem desse período).  Da mesma forma são podemos saber se esta raça se perpetuou através das que ocuparam o vale, no começo do neolítico"
( JEAN  VERCOUTTER  -  "O Egito Antigo", pág.26 ).



As antigas representações dos egípcios do Norte, mostram-nos um  tipo semito-líbio, diferente do egípcio do sul, os  hamitas  (vindos da África Setentrional ), pintados por  CYRIL  ALDRED como  "um povo de constituição leve, cabeça comprida, delicada face oval, cabelos escuros e ondulado."

Os  semito-líbios emigraram do Levante, descendendo de anatólios e semitas.

Uma  terceira raça  foi revelada pelas pesquisas craniológicas, de feições quase europeia, considerada por  H.R.HALL  como aparentada com os primitivos cretenses.


"O povo do Egito não pode ser considerado raça pura em época alguma.  A base desse povo é africana, essencialmente.
Elemento predominante  =  hamítico ( aparentado com povos do N. e L. da África ).
Outro elemento  =  semítico  ( fundiu-se com o hamítico ).
Influxos núbios.
Não é raro encontrarmos hoje o tipo egípcio antigo.
O povo egípcio, em seu conjunto, é africano branco"
JEAN VERCOUTTER  -  obra citada ).


"Temos de renunciar à idéia de uma  "raça faraônica"."  -  SERGE SAUNERON.


Há dois tipos  :  um parecido ao núbio, de origem africana ;  outro, puro egípcio, estranho ao continente africano.





A população localizada na região do Delta foi bastante adiantada e culturalmente mais desenvolvida que as do sul :  tipos grosseiros e rurais, devido a região geográfica  -  o deserto encerrava-os de ambos os lados.



As comunidades faziam parte de uniões territoriais denominadas, em grego, "nomo"
No Egito se chamavam  'spat'  ou  'hsaput'
Esse sistema, sem dúvida, foi originário do Sul e não existia na região do Delta antes da conquista que falaremos a seguir.




Pelo fim da época pré-dinástica (4.000 aC.), o cobre já era usado pelos egípcios do Sul  -  fabricava-se utensílios e adornos de ouro, criando um extenso comércio entre os povos vizinhos.

Também aperfeiçoaram o polimento da pedra e da cerâmica

Assim se revela, na pré-história egípcia, a desigualdade de fortuna e uma divisão da sociedade. 



"O uso do arado aumentou o rendimento agrícola e a invenção do torno indica que a cerâmica já se tornara um ofício à parte.  Ao lado deles estão os  serralheiros carpinteiros".
( V.DIACOV e S.COVALEV  -  obra citada).


"A raça dinástica entrou no país vinda do Mar Vermelho, através do deserto  até  Coptus".
( FLINDERS  PETRIE  -  "História do Egito" - I, 1903).
Segundo PETRIE havia  2 estratos :  o aborígene (de origem africana) e o povo conquistador ou dinástico (originário do Punt).


"Pensa-se que entre os egípcios havia uma vaga e antiga tradição de que haviam sido originariamente da Terra do Punt ,e que ela havia sido a sua pátria antes que houvessem invadido e conquistado o vale inferior do Nilo".
( NAVILLE  -  "Deir-el-Bahari" ).





Sob os PTOLOMEUS  encontramos a versão de uma lenda muito antiga, comentada por célebres egiptólogos como  GASTON  MASPERO  - "Études de Mythologie"  e  NAVILLE  -  "Mythe d'Horus".   

A lenda conta que, no princípio dos tempos, reinava na Núbia o rei  HÓRUS-dos-DOIS-HORIZONTES  (= equivalendo ao nome de  HARMAKIS  ou  HORAKHTE ).  Ele invade o Egito no ano 363 do reinado de seu filho  HÓRUS-BEHDET, que governava em Edfú. 

A expedição conquistadora foi dirigida contra os adeptos de SETH, os  'anu'  ou  'antiu'  , "nome dado à população pré-dinástica, não egípcia, do Norte  -  povos que habitavam o nordeste da África, desde a Núbia ao Sinai".  
(  H.R.HALL  -  "The Ancient Historu of the Near East").




Os egípcios de HÓRUS  ( os hamitas), vieram provavelmente de uma região conhecida por  'ta-neter'  (= Terra dos Deuses)  -  um lugar lendário que os egípcios chamavam frequentemente de  'Puenet' ou simplesmente  'Punt' , localizada da Somália ou na costa da Eritréia.

Cenas gravadas no templo de  HATSCHEPSUT em Deir-el-Bahari, mostram alguns punitas quase idênticos aos egípcios, mas que usavam cabelos compridos e uma curiosa barba trançada, ajudando do transporte de árvores, acompanhada da inscrição : 

"Tudo vai bem com as árvores de incenso da Terra dos Deuses ao Templo de AMEN".




Desse modo, a  barba trançada, com a ponta voltada para cima, passou a ser representada entre os egípcios, nos tempos posteriores à I Dinastia, caracterizando os deuses ou os descendentes de HÓRUS  -  o faraó ! 

HALL  é da opinião de que  "os egípcios usavam a barba no período que precedeu e seguiu imediatamente o começo da I Dinastia", para ser mais preciso. 

Os estudos de  NAVILLE  no templo de Deir-e-Bahari  atestam aquela idéia de serem originários do Punt.



De qualquer forma, o chefe invasor tinha por emblema um estandarte com a figura de um falcão, ao passo que o rei de Buto, no Norte, usava o símbolo de uma serpente e era designado pela palavra  'bit' (= abelha ).

O título do rei do Alto Egito era  'nesut'  (= rei ).

Na titulatura real o  'sut'  ( Possuidor do Junco  ou  Aquele que Pertence ao Junco), sempre antecedeu o  'bit', como precedência sobre o conquistado.







PALETA  DE  NARMER no Museu do Cairo,   documenta a unificação dos dois Egitos,  ocorrida por volta de 3.200/3.100 aC.. NARMER, com a coroa do Alto Egito amassa o crânio do chefe conquistado, abatido com uma clava ou maça. 
Esse documento foi encontrado pelo arqueólogo britânico  JAMES E. QUIBELL em  Hieracômpolis, em 1898. 
O falcão HÓRUS, assentado sobre 6 flores de lótus, indica a captura de 6.000 prisioneiros.



O nome dos primeiros reis do Egito são dados sob duas formas :  primeiramente o nome de  HÓRUS ( ou HORO)  ou  KÁ, seguido pelo nome pessoal do rei.

O nome de  KÁ  vem a ser o espírito real do monarca.
Antes do nome pessoal, costumava preceder o título 
 
 'Rei do Alto e Baixo Egito' ,
ou
  'Senhor do Falcão e da Serpente' 
 (= 'Senhor das Senhoras' ).

O símbolo de sua autoridade era a  maça.








O REI  GOVERNAVA  COMO  UM  DEUS
que vivia entre os mortais, na terra. 




Mas o Alto e o Baixo Egito  sempre tiveram clara consciência de que eram diferentes e em época de fraco governo , geralmente, se separavam.

O principal motivo de sua unificação era o  dogma  de serem governados por um deus, no qual residiam as forças essenciais de cada uma das  'Duas Terras'







O rei possuía a qualidade organizadora dos fenômenos,
o princípio de força cósmica,
de harmonia,
segurança,
ordem,
estabilidade,
justiça,
verdade,
retidão  -  denominada  'ma'at' .


A palavra se aproxima ao sentido moral de nossa palavra  "bom". 
O rei, que ocupava o trono de HÓRUS, não era um ser humano e transitório, mas um  'bom deus' , ou  'o Senhor' de espírito reto e justo, eternamente



Imagens do trono de  TUTANKHÁTEN.







Esse deus era a encarnação do Estado e nele se depositava a confiança do controle das águas vivificantes do Nilo.

O rei era o chefe e o diretor.

A prosperidade  vinha do rei.




O rei era o ápice da pirâmide social.

A própria vida dos súditos provinha e dependia dele.

Lembremo-nos do final  da "Instrução de PTAH-HETEP", quando ele diz : 

' Que chegues aos cento e dez anos de vida que o rei me concedeu '!




Ao olharmos as pirâmides de Gizé podemos compará-las à sublime supremacia real  e as mástabas, erguidas em sua volta, como a centralização do Estado e sua dependência do rei.



Sob a V Dinastia, um terceiro nome é conferido ao rei :  'Filho de RÁ'   ( as origens  da devoção ao sol  =Rá=  provém da IV Dinastia, com a proclamação da mitologia do novo culto de Heliópolis, a  "On" bíblica  e a  'Annu'  egípcia ).

No tempo de  USERKAF,  1º rei  da V Dinastia, o título já era  "uma adição regular ao estilo real". 

Os sacerdotes heliopolitanos declaravam que não só RÁ  fora o 1º rei do Egito, como também o  "alter ego" de cada rei.




O termo  "faraó"  é a leitura grega da palavra egípcia  'per-aa'  (= casa grande / palácio); foram os gregos que criaram o termo "faraó".

Os gregos, como muitos povos indo-europeus, conta  HALL , trocavam  o "p"  por  "f" ( é o caso do nosso antigo  "ph"  - pharmácia -  pronunciado por  "f" ).

Esse nome só apareceu no Egito em torno de 1.500 aC., com o Império, quando não se podia designar o rei pelo seu nome pessoal, por ser um nome secreto e repleto de magia.


Não há nada de extraordinário nisso, pois até pouco tempo atrás o Sultão da Turquia era chamado  "Grande  ou  Sublime Porta" ; o imperador chinês, na era medieval, era intitulado  "Khan" (= grande palácio).



Sob  AKHENÁTEN vê-se, pela primeira vez : 

'Per-aâ, ankh, oudja, seneb, neb' 
 (= Faraó, vida, saúde, força, o senhor ).




A autoridade real, por muitas vezes, viu-se abalada fortemente.

No Primeiro Período Intermediário temos o feudalismo egípcio, logo seguido por um novo absolutismo faraônico.



Com o  NOVO IMPÉRIO a titulatura consistia de uma variedade de epítetos usados em todas as etapas da História :
primeiramente como HÓRUS, o rei era o deus celeste, legítimo sucessor do seu pai OSÍRIS ; como  'Senhor das Diademas', incorporava em si as duas divindades protetoras do Alto e Baixo Egito  - 'NEKHEBET' 'UTO'.

O título  'HÓRUS de Ouro'  expressava certamente o poder e a glória.


Os títulos 'Rei do Alto e Baixo Egito'  (o caniço e a abelha)  antecedem o nome  'pekol' 'Senhor das Duas Terras'.

Como  'Filho de RÁ', faraó expressava sua filiação física com RÁ, o deus-sol. 

Outro título que às vezes seguia este, era o de  'Senhor das Aparições'  -  uma epifania divina.



Com frequência aparecem desejos piedosos acompanhando o nome do rei :
'Que viva muitos anos, eternamente, próspero e com boa saúde'  ...
'.... um nome para a posteridade' ,
'.... saúde, vida, proteção' ,
'.... doador da vida' ,
'Senhor dos Tronos do Mundo' ,
'Senhor dos Céus'  ,
'O  Touro Forte' ,
'O  Justiceiro' , etc.



Os atributos da realeza  eram
'ma'at'
'hu' (= ordem criadora)  e 
'sia' (= compreensão, percepção).



Os  símbolos da autoridade  eram
'crochet-heka'  (= báculo), domínio  sobre os nobres  / controle dos sentimentos, e o
'nekha-ka'  (= chicote), domínio sobre os vencidos e escravos / domínio do corpo.



As insígnias heráldicas, as divindades
'NEKHEBET'  (= o abutre) a
'EDJO'  ou  'UADJIT'  (= a serpente), achavam-se correlacionadas indicando a união do Alto com o Baixo Egito.

Eram representadas  no  'nemes'  (= capuz faraônico), na testa do faraó,  com a incumbência de incutir terror nos inimigos do Estado, pois a serpente pica e mata ; o abutre devora.



Faraó estava divinamente situado sobre as atividades e emoções humanas e superava todos os homens :  era o atleta invencível, por sua rapidez, força e sua segurança no carro ( =  'merkebet' ) e no arco ;  porém, parecia governar por ordens divinas recebidas por oráculos nas cerimônias religiosas.



"Transformado, sob todos os pontos de vista numa pessoa divina, o faraó era rodeado de uma multidão de servidores e de colaboradores de toda espécie :
generais,
lavadores,
guardas do guarda-roupa imperial
e outros altos dignitários.
Vinte pessoas se ocupavam de sua toilette.
Barbeiros que não faziam outra coisa senão barbeá-lo e cortar-lhe os cabelos,
cabelereiros que lhe arranjavam o capuz e o diadema, manicuras que cortavam e poliam suas unhas,
perfumistas que ungiam seu corpo, enegreciam suas sombrancelhas com khol, pintavam de vermelho suas faces e lábios.
Uma inscrição colocada sobre um túmulo qualifica o ocupante de
'Mestre de Atelier de Maquilagem',
'Mestre do Pincel de Maquilagem',
'Portador de Sandálias do Rei', ocupando-se delas, segundo as regras".
WILL DURANT  -  "Histoire de la Civilisation",Rencontre,1966 ).






Com  AKHENÁTEN, a autoridade de faraó  choca-se diretamente com a autoridade de clero de AMEN-RÁ. 

O conflito criado não foi só político, mas principalmente religioso.  A religião embatia com o Estado.

A família real se mostrava publicamente e sem solenidades.  Faraó se denominava 

'o que vive de ma'at'
 'o que se satisfaz com ma'at'

Os textos amarnienses denominam-no  'shay' , deus do destino. 

AKHENÁTEN adorava  ÁTEN  e todos o adoravam como rei-deus. 

ÁTEN predizia que faraó era o elemento essencial do Egito, o intermediário único entre o deus e o povo.





Após  AKHENÁTEN, gradativamernte  faraó se converte num  prisioneiro do templo, até que seus atos, segundo  DIODORO DA SICÍLIA , "foram regulados por prescrições consignadas nas leis, não só para os atos administrativos, como também aos concernentes ao modo de passar o dia e os alimentos que comia".


Tinha horas designadas para as audiências e administração, para o passeio, para o banho e até para dormir. 

Passara-se o tempo de sua grandiosidade e de sua suprema majestade. 
Passara-se o tempo em que se escrevia :

"Adora o rei, que vive eternamente.
Ele é a Percepção que está no coração dos homens.
Ele é  RÁ, por cuja luz vemos.
Ele é o que ilumina as Duas Terras, como o disco do Sol.
Ele dá alimento aos que o veneram.
Ele é um  ká  e sua boca um alimento.
Aquele a quem ama, será reverenciado.
Amai-o e o encontrareis bom eternamente " 
( Instruções do Chefe da Tesouraria de  AMENENHAT III  )





Ninguém jamais, em toda a história mundi, foi tão identificado a um deus como Faraó.

Da mesma forma que  RÁ se levantava todas as manhãs, no oceano celestial, numa de suas capelas particulares, a  'Casa da Alvorada',  Faraó lavava ritualmente seus membros, recuperando a força vital que fluía do deus.

Os movimentos e gestos de Faraó eram observados com adoração.




De 30 em 30 anos, com exceções, Faraó comemorava o seu  jubileu :  uma festa denominada  'Sed'.  

A primeira menção da celebração da  "Festa Sed"  provém do reinado de  DEN SEMPTI   (denominado  UDIMU KHARKHETI  pelo  Prof. SETHE ). 
HALL é quem escreve :

" Parece que, da mesma maneira que outros povos primitivos, os egípcios estipulavam um prazo para o reinado de seus reis. 
Quando haviam governado trinta anos, eram mortos ou depostos, em meio a uma solene festa, em que o rei, morto oficialmente, era levado em procissão vestindo trajes de morto e empunhando o báculo e o chicote de OSÍRIS. 
Nos tempos históricos o rei se havia recusado a ser imolado ou deposto e a cerimônia era celebrada simplesmente pró-forma.
Acabou tornando-se num jubileu, a distinção de um  longo reinado, embora afinal todo e qualquer rei que quisesse o celebrasse várias vezes durante seu reinado, tivesse ou não reinado trinta anos".
( H.R.HALL  - obra citada).


Isto escreveu HALL baseado na opinião de  FLINDERS  PETRIE  - "Researches in Sinai".  Em  "The Orient",  MISS MURRAY  diz : 
" A Festa  'Sed'  era também do deus-chacal dos mortos, ANÚBIS, que era chamado  Sedi  - 'o que tem cauda'".  



Lápide onde o herdeiro, com  a pele de leopardo, realiza cerimônia de libação sobre  a múmia do rei-defunto, assistido por  ANÚBIS.


Conclui ALDRED 
"Como todos os reis divinos dos tempos pré-históricos, eles eram mortos ritualmente quando os seus poderes enfraqueciam;  provavelmente os seus cadáveres eram desmembrados e enterrados ou queimados e as cinzas espalhadas para maior fertilidade da terra. 
Nos tempos históricos, esse rito selvagem foi substituído por cerimônias mágicas para rejuvenescer o monarca no  Festival do Jubileu, ou arranjavam-lhe substitutos como animais, bonecos de reis e, provavelmente, pessoas que por acaso se haviam afogado no Nilo.
Mas a tradição de que o rei devia morrer persistiu no folclore e no tipo mais primitivo do  Texto das Pirâmides .
Há antropologistas que creem que o assassínio, em cerimonial, do faraó foi revivido em momentos de crise, algumas vezes, tal como sucedeu com  CLEÓPATRA, que pôs fim à vida utilizando seu deus pessoal, URAEUS".
( CYRIL  ALDRED  -  "The Egyptians" ).





Falamos que comemorava-se o jubileu, com excessão, no 30º ano de reinado ; uma dessas exceções foi  MENTUHETEP I  que celebrou-o no  39º ano de sua entronização. 

Recentemente o egiptólogo  HENRI CHEVRIER  reconstituiu um pavilhão jubilar que  SENUSERT I  erigiu em Karnak, para uma repetição simbólica das cerimônias do seu jubileu, ocorrido em Mênfis.













Faraó era o eixo em torno do qual girava a nação.

Sua palavra era a lei e suas ações, divinas.

Era, ao mesmo tempo, grão-sacerdote e juiz supremo.

Além das diversões e desportos, a vida do faraó era marcada por deveres essenciais, como
honrar os deuses,
construir e restaurar santuários,
oficializar as cerimônias e festas religiosas.

Sua morte era considerada  calamidade nacional  e o luto decretado por 70 dias.


'Ano 40,
2º mês da Inundação,
dia 7.
O deus  NEBMAATRÁ subiu ao seu horizonte.
O Rei do Alto e Baixo Egitos encaminhou-se para o céu e uniu-se ao disco do sol.
O  'Palácio' está fechado ; os corações estão de luto ; as portas do céu fecharam-se.
Os nobres ajoelham-se pesarosos.
Ide anunciar e lamentar a morte do bom-deus  AMENHETEP, o justo de vóz !'




'O deus subiu ao horizonte.
O Rei do Baixo e Alto Egito encaminhou-se para o céu e uniu-se ao disco do sol.
O corpo do deus misturou-se com aquele que o criou'
(  Participação da morte de AMENENHAT I  - XII Dinastia )






Os egípcios desenvolveram posturas protocolares  e as boas maneiras eram indispensáveis em todas as ocasiões.  Sempre vemos, nas pinturas, nos altos e baixos relevos, servos fazendo vênia a Faraó e às autoridades.





RAMSÉS II era canhoto :
sempre aparece segurando o báculo com a mão direita.

Não poderíamos fechar esta matéria sem uma abordagem  mais específica sobre aquele que é considerado o maior faraó de toda a história egípcia :  RAMSÉS II  -  o Grande ,
                                                                                         o Magnífico, 
                                                                                         o Suntuoso, 
                                                                                         o Monumental.

Veja estes vídeo-documentários para melhor conhecê-lo:

                     http://www.youtube.com/watch?v=_whDlNX0mFM

                     https://www.youtube.com/watch?v=ys9JZc61KCc







Este outro é sobre o último dos raméssidas , o  RAMSÉS XI  um  filme polonês, original, mostrando a conspiração sacerdotal para a ascensão da XXI Dinastia, que dá inicio ao 3º Período Intermediário, com os Tanitas apoderando-se do trono.
Se não entende a língua, observe os trajes, os adereços, a réplica de bigas, embarcações e o cenário totalmente egípcio.
O filme foi produzido  "in loco".

                     http://www.youtube.com/watch?v=iDUgigISy98












 

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