terça-feira, 9 de junho de 2015

AS FORÇAS MILITARES no antigo EGITO - Jarbas Vilela / NEFERTITE enfurecida.




RAMSÉS II , em seu 'merkebet', coroado com o  'keperesh', na Batalha de Kadesh.




As forças armadas eram dirigidas pelo próprio faraó, embora tivesse seus generais e oficiais.



A paleta de ardósia de NARMER, talvez o mais antigo documento de uma conquista militar, mostra o rei comemorando a vitória do Alto Egito, amassando o crânio de 6.000 inimigos derrotados.






A história egípcia está marcada por guerras, lutas e campanhas militares ao exterior.









No Antigo Império parece não haver existido uma organização militar.  Trata-se de pequenos grupos que executavam trabalhos de rotina, como
escoltar os trabalhadores das pedreiras e minas,
supervisionar os operários,
guardar os seleiros, etc.

Algumas patrulhas vigiavam os territórios desérticos, sob o comando do  'chefe das caravanas', vigiando o movimento dos beduínos.



Mas os nomarcas  e os proprietários provinciais, em fins do Antigo Imperio, possuíam seus próprios grupos policiais comandados por eles próprios.
Com o colapso do absolutismo faraônico eles começaram a combater-se ferozmente para conquistar as terras e os domínios alheios.


O exército egípcio, durante os últimos períodos do Antigo Império, consistiu de grupos sob o comando dos chefes regionais.




Com o Médio Império foi extinto o sistema de tropas, criando-se uma organização militar centralizada, comandada pelo soberano.
"Foi instituído o alistamento nacional, formaram-se companhias e regimentos e até criada uma administração civil para manter o exército bem alimentado, treinado e equipado.  Foi nomeado um generalíssimo para atuar como representante real e foram designados vários generais para assumirem o comando de corpos especializados:  o  'Comandante das Tropas' e o  'Comandante dos Recrutas'
H.R.HALL  -  "The Ancient history of the Near East" ).

Foi instituído o alistamento militar,
formaram-se as companhias e regimentos,
nomearam-se generais para a defesa do território egípcio.


Na margem oeste do Nilo, na Núbia sudanesa, estão as ruínas da antiga cidade-fortaleza de Buhen, que foi muito importante nos tempos do Médio Império, pois protegia essa zona estratégica da 2ª catarata do Nilo. 
Ela foi construída não com pedras, mas com 10 milhões de tijolos.  As escavações arqueológicas revelaram a complexidade arquitetônica dessa fortaleza, com suas muralhas duplas, seus fossos e bastiões avançados, além da extraordinária potência de suas paredes externas :  algumas chegam a 8 metros de espessura.
Muitas outras fortalezas núbias foram submersas nas águas da grande represa de Assuã  -  seus tijolos se desfizeram e elas desapareceram para sempre, sem deixar vestígios. 
Apenas ficaram as centenas de fotografias que as documentam.



As divisões eram formadas de
recrutas,
queimadores de pixe,
lançadores de fósforo,
carros com atiradores,
lanceiros,
machadeiros eescudeiros.



As armas comumente usadas eram
clavas,
espadas,
fundas,
bastões,
lanças,
arcos,
flechas,
cassetetes e
machados.
Usavam tripas trançadas como cordas para formarem o arco.


Sabe-se que o rei recompensava seus bravos militares com presentes e terras, além do  'Ouro da Valentia'  -  um sinete colocado e amarrado ao pescoço do valente, em esplêndida cerimônia.


Com o Domínio Hikso ( que corresponde ao  2º Período Intermediário ),  o exército adotou  carros de guerra  (= biga)  puxado por cavalos, novas armas e armaduras para proteger o corpo.
Curiosamente devemos anotar que, por razões pouco conhecidas, os egípcios não montavam a cavalo e os soldados não eram personagens estimadas pelo povo.



Infantaria de lanceiros e escudeiros da tumba de MESEHTI, em Assiut.
-  Museu do Cairo  -


Na infantaria o soldado podia ter um pequeno comando como  'Chefe dos Arqueiros'.
Muitos oficiais de mérito chegavam a ser  'Grão Mordomo Maior'  dos domínios reais.



No Estado Maior havia oficiais importantes com cargos de
abastecimento,
contas,
informes,
comunicações e
operações para todos os assunto.
Sobre todos lá estava o  'Comandante-Chefe do Exército', o faraó. Alguns deles delegaram esse cargo ao príncipe herdeiro.
Após a brilhantíssima  XVIII Dinastia foram incorporados ao exército bárbaros de várias origens :  líbios , núbios ,  'shardama' (= povos do mar) hititas, o mesmo ocorrendo com a marinha de guerra.

Infantaria de arqueiros núbios da tumba de MESEHTI, em Assiut.
- Museu do Cairo -





Com o Novo Império o Egito expande suas fronteiras fazendo incursões de guerra por todo o Oriente Médio :



THOTMÉS I, por exemplo, tomou a Palestina, a Síria, o Líbano e Naharin, chegando até o Rio Eufrates, onde ergueu a  'Estela de Tombos', assinalando o limite do avanço, provocando alianças dos príncipes asiáticos.

THOTMÉS II, vence duas rebeliões : uma no Kush ( Sudão ), outra na Síria.

AMENHOTEP II, muito inteligente e enérgico, sufoca revoltas de tribos no Líbano ( em Semesh ), toma Kadesh, Senjar, Alepo e Takhira.   Avança sobre o Mitani.  Ergue  estelas no Eufrates e na Núbia.

THOTMÉS III  escreve seus  "Anais" sobre conquistas militares na Palestina : tomada de Magido, Tiro, cidades do Líbano, Kadesh, Ulasa, Alepo e outras, em 17 campanhas.  As filhas dos chefes asiáticos são enviadas para o harém do faraó.  Recebe tributos de Chipre e, pela primeira vez, um governador do Alto Egito visita Creta.  Tebas recebe uma embaixada cretense e mercadores fenícios.  Um período de riqueza e muito luxo.

THOTMÉS IV comanda expedição a Naharin e Karei (Núbia superior). Desposa a filha do rei ARTATAMA, do Mitani.

AMENHETEP III estende o Império ao Sul, até a 6ª catarata do Nilo.  Textos em escaravelhos de pedra comemoram a chegada ao Egito de GILUKHIPA, filha de SHUTARNA  e  TADUKHIPA, filha de TUSHRATA do Mitani, como esposas secundárias do faraó.  A deusa assíria ISHTAR, de Nínive, visita o Egito.  As relações são excelentes entre o faraó e KADASHMAN-ENLIL, rei da Babilônia.   Muitas cartas, despachos  e documentos cuneiformes são arquivados pela diplomacia egípcia

Até mesmo sob AKHENÁTEN, existem correspondências com a Babilônia e a fundação da cidade de Khinatuni  (= 'Horizonte do disco-Sol' ) em Canaã.


O   TRATADO EGÍPCIO-HITITA, escrito em caracteres cuneiformes, é considerado o primeiro tratado de paz do mundo.
Esta cópia está exposta na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.

Os hititas constituíram um reino muito poderoso na Ásia Menor, que se tornou expansionista.  Afinal, eles inventaram a biga  (um carro de guerra puxado por dois cavalos) e, principalmente, descobriram o ferro e sua utilização bélica.

No reinado de TUTANKHAMEN os dois reinos assinaram o primeiro tratado de paz  [ 1.352 aC. ]  e o faraó recebeu de presente do rei do 'Hati'SUPILULIUMA , um punhal de ferro, que foi encontrado no corpo da sua múmia.


RAMSÉS I, da XIX Dinastia, aumentou e fortaleceu o exército, a marinha e acrescentou-lhes armas mais modernas.

SETHI I, marcha na Palestina, derrota o rei MURSIL e vence lutas na Babilônia ; assina o segundo tratado egípcio-hitita.

RAMSÉS II, volta a guerrear com os hititas, no 5º ano do seu governo : vitória na batalha de Kadesh e assédio de Dapur ; faz uma aliança de paz  [ 1.278 aC. ]  e desposa a princesa, filha do rei KHATTUSIL, que recebe o nome egípcio  NEFERTARI, tornando-se o grande amor da vida desse faraó, deslumbrado por seus encantamentos e beleza.

MERNEPTAH, filho e sucessor de RAMSÉS II, subjuga tribos revoltosas na Palestina, faz incursão contra os hititas ; os líbios invadem o Delta oeste e o faraó teve de combater uma insurreição em Canaã.  No seu governo ocorreu o Êxodo bíblico do povo hebreu, escravizado no Egito desde a derrota dos reis hiksos, conquistados por AAHMÉS, primeiro faraó do Novo Imperio e reunificador do Egito.

RAMSÉS III, da XX Dinastia, constrói e registra no Templo de Medinet-Habu o restabelecimento do domínio egípcio na Ásia, sobre os Hititas....    e acaba sendo vítima mortal de uma conspiração no seu próprio harém.









Sob  NECAU II  (XXVI Dinastia),  HAMON, general fenício à serviço de Faraó, partiu pelo  Mar Vermelho e voltou pelo Mar Mediterrâneo  -  contornando a África  -  em três anos de viagem.





RÁ II  atravessando do Oceano Atlântico.


Não se trata aqui de tecer comentários irônicos ao norueguês  THOR HEYERDAHL, organizador e aventureiro da expedição  "Kon-Tiki", quanto à proeza de atravessar o Atlântico  (da África ao México), numa barca de juncos de papiro  ( 5m.largura  X 15 m. comprimento ), por ele chamada  "RÁ".  Ele queria provar que os egípcios poderiam ter colonizado a América.   Na minha opinião, os antigos egípcios jamais usariam barcas de papiro em semelhante aventura.  Essas barcaças tão frágeis eram usadas, apenas, em águas calmas como as do Nilo.

Hieróglifos e documentos relativos a expedições comerciais do governo de  NEB-HETEP-RÁ  MENTUHOTEP  (XI Dinastia), dizem que na cidade do Mar Vermelho se construiu e se lançou à água uma  nave destinada a navegação de altura.
Outros detalhes são fornecidos pelos painéis do Templo de HATSCHEPSUT :  os barcos são grandes e de madeira.


Grandes navios da expedição militar de HATSCHEPSUT ao Punt.
-Templo de Deir-el-Bahari-



Painel com relevo de navio de HATSCHEPSUT.



Templo de HATSCHEPSUT
- Deir el Bahari -











Barca solar  de KHUFÚ  (= QUÉOPS), em madeira.
- Museu da Barca Solar , El Gizé -


O primeiro barco  'RÁ'  construído por HEYERDAHL, teve problemas e naufragou.  Então, ele corrigiu as  técnicas e o  'RÁ II'  alcançou pleno êxito.


RÁ II  conservado no Kon-Tiki Museet  de Oslo, Noruega.




"O Egito antigo não precisou de exércitos para ser uma poderosa e magnífica nação.  Na vitória ou na derrota, continuava a ser o mesmo Egito de sempre"
JOHN MANCHIP WHITE  -  "Everyday Live in Ancient Egypt" ).






NEFERTITE  ENFURECIDA


Quem vê aquele célebre busto no Museu de Berlim, com aquele olhar sereno, aqueles traços nobres e meigos, majestosos, jamais poderia imaginá-lo num momento de raiva ou fúria.
O que terá acontecido ?


Curiosíssimo baixo-relevo mostrando NEFERTITE, assistida pelo deus ÁTEN,
 amassando o crânio de um inimigo  (?) com uma clava.


ÁTEN, um deus de amor e benevolência aqui aparece como álibi da rainha, presenciando e aprovando a horrível cena de massacre craniano.



Incógnitas da História  !









Nos ensinamentos do rei AKTOES III para o príncipe  MERIKARÁ  ( 2.100 aC.), temos a primeira tentativa  humana visando substituir a violência pela inteligência, na história política do mundo :
"A linguagem é uma espada para o homem ; as palavras têm força superior a qualquer espécie de combate".






 

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