sábado, 20 de junho de 2015

OS ANIMAIS SAGRADOS DOS FARAÓS - Jarbas Vilela





OFERENDA  RELIGIOSA !




HOJE VOCÊ PODE ACENDER UMA VELA EM ALGUMA IGREJA ; MAS
 
 SE VOCÊ FOSSE UM EGÍPCIO ANTIGO,
 
MANDARIA EMBALSAMAR SEU ANIMAL SAGRADO
E LEVARIA SUA MÚMIA PARA DEPOSITAR NO TEMPLO.
 










"O quadro da cultura egípcia que nos dão os escritores clássicos é muito curioso.
Os gregos, por exemplo, viam os egípcios com olhos diferentes, como alguns de nós, não podendo compreendê-los de todo.
Os escritores gregos, principalmente, e depois os romanos, cometeram muitos horrores e, com frequência, interpretaram mal o que viam realmente.
O culto dos animais não foi característica da primitiva religião egípcia.
No Egito primitivo os animais não haviam sido sagrados em si mesmos, como espécies inteiras.
Haviam selecionado um só animal, para a manifestação do deus.
O animal consagrado a um deus, tinha de ser amado e respeitado.
Mas o Egito dos últimos tempos confundiu a forma com a substância e iniciou um culto de animais sagrados tão estrito e detalhado, que a expressão  "culto aos animais"  está justificada e, em sentido geral, foi corretamente consignada pelos gregos"
JOHN A. WILSON  -  "The Burden os Egypt" ).





Portanto, se um animal era tido como sagrado, nessa última era todos os da mesma  espécie/raça  também o eram.
Daí a quantidade enorme de animais embalsamados que encontramos nas suas tumbas ou nos templos onde eram adorados.







Valemo-nos aqui do comentário de  ESTRABÃO  DE  AMÁSIA, que percorreu o Egito ( em 25 aC)  um pouco mais de 400 anos depois de HERÓDOTO, descrevendo o Vale do Nilo no Livro 17 de sua monumental  "Geografia" :
"Perto da cidade de Crocodilópolis, um  crocodilo  apanhado pelos sacerdotes, vive num lago.
Chama-se  'SUCOR'  ( 'Sutek'  ou  'Sobek' ) e é alimentado a pão, carne e vinho que os estrangeiros que vêm vê-lo costumam trazer consigo...
Encontramos o animal deitado na margem.
Os sacerdotes aproximam-se dele, uns lhe escancaram a goela, enquanto os outros metiam o bolo, depois a carne e derramaram a bilha de hidromel que nosso hospedeiro lhe levara.
Depois disso o crocodilo precipitou-se n'água e nadou até a margem oposta.
Durante esse tempo havia chegado outro visitante, igualmente portador de víveres destinados ao crocodilo.
Os sacerdotes tomaram os víveres, deram a volta do lago e alimentaram o crocodilo da mesma maneira".







Sabemos por HERÓDOTO  que os residentes na vizinhança de Tebas e do Lago Moeris tinham veneração pelos crocodilos.
"Escolhem sempre um para criar e domesticar ; enfeitam-no com objetos de ouro ou com pedras falsas e colocam pequenas correntes ou braceletes nas suas patas dianteiras.
Quando morre, embalsamam-no e depositam-no numa urna sagrada"
HERÓDOTO -  "História", II-LXIX ).




Já os habitantes de Elefantina, que não o veneram, capturam-no, preparando sua carne como refeição.
A ilha de Elefantina, em frente a Assuan, foi sede preferencial de grandes homens, célebres governadores que guardavam as terras dessa fronteira meridional com a Núbia ( durante o Antigo Império ) e dos ricos.

HERKUFE, por exemplo, célebre guia de caravanas sob o Antigo Império, foi um príncipe de Elefantina.

A ilha foi o antigo berço de Assuan, tornando-se o local escolhidos pelos reis do Egito, notadamente  THOTMÉS III  e  RAMSÉS II, para erigirem seus templos.

Segundo a escritora  CHIAN SING"foi em Assuan que os antigos egípcios viram pela primeira vez um elefante ;  foi também lá que os reis núbios estabeleceram a sua capital, chamada Elefantina".

O curioso é que o deus da ilha,  KHATOUR, era representado pela forma de um carneiro.

Aqui também nessa ilha o hipopótamo era venerado.





A ave fênix era sagrada e quase desconhecida nos tempos em que o viajante grego esteve no Egito.





"Nas imediações de Tebas de Tebas vive uma espécie de  serpente sagrada, completamente inofensiva ao homem.  É de pequeno tamanho e traz dois cornos no alto da cabeça"
HERÓDOTO  -  "História", II - LXXIV ).




"Há na Arábia, perto da cidade de Buto onde existe uma quantidade prodigiosa de ossos e espinhas de serpentes aladas ;  dizem que as serpentes aladas voam da Arábia para o Egito, na primavera,  mas as íbis, indo ao encontro delas, impedem-nas de passar, matando-as.
Os árabes asseguram que é em reconhecimento desse serviço que os egípcios têm grande veneração pela íbis "
HERÓDOTO  -  "História", II - LXXV ).



Múmia de um falcão.




"As íbis, sustentando-se de serpentes, anunciavam as cheias com a sua aparição"
CÉSARE  CANTU  -  "História Universal





Os   gatos eram outros dos animais que mereciam a veneração dos egípcios.



"A devoção a estes animais deve-se, em parte, ao fato de afastarem os escorpiões, as serpentes e apanharem os ratos.
Um outro,  o  "gato-faraó",  muito semelhante a uma marta, era o único que ousava desafiar o crocodilo, sendo considerado, por isso, sagrado "
(   CARL  GRIMBERG  e  RAGNAR  SVONTIOM -  "Wärldshistoria Folkens Liv och Kultur " ).







Em 1888, ao escavar a areia nas proximidades do vilarejo de Istabl Antar, um fazendeiro egípcio descobriu uma sepultura coletiva.  Os corpos não eram humanos.  Eram de felinos - um número assombroso de gatos da Antiguidade mumificados e enterrados em covas.  Alguns envoltos em linho ainda pareciam apresentáveis e uns poucos exibiam caras enfeitadas .  As crianças do vilarejo ofereciam os melhores espécimes aos turistas por qualquer troco.   O resto era vendido a peso como fertilizante.  Um navio chegou a transportar cerca de 180 mil gatos mumificados para Liverpool, uma carga que pesava algo como 17 toneladas, para serem espalhados pelos campos da Inglaterra.

http://viajeaqui.abril.com.br/materias/mumias-bichos


 







Múmia de gazela de estimação de uma rainha, dentro de seu belíssimo ataúde.



Entre outros, citemos o característico boi  ÁPIS,
os babuínos  -  representados sempre em adoração ao sol,
o chacal    -  ANÚBIS,
o falcão     -  HÓRUS,
o abutre    -  NEKHABIT
a víbora     -  UADJIT
a leoa         -  SEKHMET
o carneiro , consagrado a  AMEM,
e muitos outros .



Múmia de um peixe  "latus niloticus" , procedente de uma tumba em Esna.



 




Este leito funerário foi usado no embalsamamento do faraó Tutankhamen e tem a forma da deusa  MEHTURT, a "Senhora do Amenti" , que se manifesta sob a aparência de uma vaca dourada, com o corpo estrelado de azul
Ela simboliza a ascensão dos rei aos horizontes divinos.
Entre os chifres da deusa está o sol noturno do mundo oculto.


No túmulo desse rei havia outros dois leitos usados no ritual embalsamatório : 
um, com a deusa MEHTI,  leoa  da coragem, valentia ;
outro, com a terrível deusa ANMUT, a 'devoradora da morte', com sua cruel aparência de hipopótamo.






O culto aos animais ainda é geral em toda a África.     






 Cientistas britânicos se surpreendem com múmias vazias de animais do Egito antigo

Redação | São Paulo - 11/05/2015 - 17h43                                                                   

Mumificação animal era utilizada como forma de oferenda religiosa à época, de acordo com especialistas da Universidade de Manchester

Cientistas da Universidade de Manchester descobriram que cerca de um terço de mais de 800 múmias de animais do antigo Egito em análise estão vazias por dentro, reportou a BBC nesta segunda-feira (11/05).
 No processo, os pesquisadores usaram máquinas de raio-x para um projeto de digitalização do material que continha cadáveres conservados desde gatos até crocodilos.




Uma múmia de gato  do Egito antigo à esquerda e o raio-x atual, revelando seu esqueleto no interior
http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/40370/cientistas+britanicos+se+surpreendem+com+mumias+vazias+de+animais+do+egito+antigo.shtml

 
http://carlos-salgueiro.blogspot.com.br/2011/05/mumias-de-animais.html










"Eles são de fato manifestações da vida cotidiana", afirma a egiptologista SALIMA IKRAM. "Bichos de estimação, comida, morte, religião. Essa é a gama de interesses dos egípcios."
Especialista em zooarqueologia - o estudo dos despojos de animais antigos -, Salima ajudou a encaminhar nova linha de pesquisa direcionada a gatos e outras criaturas.
Como professora da Universidade Americana do Cairo, ela adotou a negligenciada coleção de animais mumificados do Museu Egípcio no âmbito de um projeto.
Ao realizar mensurações precisas, espiar sob as bandagens de linho com raio X e catalogar suas descobertas, Salima criou uma ala para a coleção.

"Você olha para esses animais e, de repente, diz 'Ah, o rei tal tinha um bicho de estimação. Eu também tenho'. E eis que os antigos egípcios saltam os mais de 5 mil anos que nos separam deles para se tornar gente como a gente."


As múmias de animais são agora uma das atrações mais populares no museu.
Atrás de painéis de vidro jazem gatos envoltos em bandagens de linho, formando desenhos de diamantes, listras, quadrados e xadrês; musaranhos acondicionados em recipientes de pedra calcárea; carneiros em embalagens adornadas de contas; um crocodilo de carapaça, com 5 metros de comprimento, que havia sido enterrado ostentando múmias de jacarezinhos bebês dentro de sua bocarra; fardos recobertos de intrincados apliques contendo íbis, a ave de pernas longas e bico fino encurvado, endêmica ao longo do rio Nilo; gaviões; peixes. Até mesmo pequeninos escaravelhos com as bolotas de fezes que eles comiam.

Alguns animais eram preservados para que seus falecidos donos tivessem companhia na eternidade.
Os antigos egípcios abonados preparavam suas tumbas com toda pompa, na esperança de que seus pertences pessoais estivessem disponíveis por vias mágicas depois da morte.
A partir de mais ou menos 2950 a.C., os reis da primeira dinastia eram sepultados em seus complexos funerários, em Abidos, com cachorros, leões e burros. Mais de 2,5 mil anos depois, durante a 30ª dinastia, um plebeu de Abidos chamado HAPI-MEN, foi levado ao jazigo com seu cachorrinho encolhido a seus pés.

Também mumificavam alimentos para os mortos.
Os melhores cortes de carne, patos suculentos, gansos, pombos eram salgados, desidratados e envoltos em linho

"Provisões mumificadas". "Pouco importava se a pessoa tivesse ou não tido acesso a esses alimentos durante a vida. O fato é que, depois da morte, eles estariam lá à disposição."


Alguns animais eram mumificados por serem os representantes vivos de uma divindade.
A cidade de Mênfis, capital do Antigo Egito durante boa parte de sua história, cobria 50 quilômetros quadrados no seu ápice, em torno de 300 a.C., com uma população de cerca de 250 mil habitantes.
Hoje, a maior parte de sua glória jaz sob a aldeia de Mit Rahina
No entanto, ao longo de uma estrada poeirenta, as ruínas de um templo se erguem entre tufos de grama.
Era ali o local em que se embalsamava o touro ÁPIS, um dos mais reverenciados animais daquela época.

http://viajeaqui.abril.com.br/materias/mumias-bichos









 

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