sexta-feira, 3 de julho de 2015

ARTE EGÍPCIA : ARQUITETURA - Jarbas Vilela




A arquitetura é feita de cálculos rigorosos, da solução de árduos problemas de estética... e é justo que nascesse no Egito, onde a matemática era tida como  a  "porta de entrada do conhecimento de todas as coisas ".
 


 


















As primeiras manifestações arquitetônicas egípcias foram as cabanas do Egito arcaico  (ou pré-Histórico ), construídas com caniços e barro.

A construção de diques e canais artificiais seguiram-se às casas primitivas, como uma necessidade premente.

A sepultura neolítica é simples :
pouco profunda,
ovalada
e o morto só levava para a outra vida nada mais que seus
vasos de pedra,
sua paleta
e facas de sílex,
além da esteira de junco trançado.
Os corpos eram enterrados no deserto, fora da zona fértil.
 
 
 


 
 
 
A arquitetura monumental alcançou plenitude e desenvolvimento, no final do  Período Pré-Dinástico.
 



 
 
Os túmulos dos reis e dos nobres dessa época são os maiores signos visíveis da cultura material :
construções baixas,
de telhado plano,
paredes  delgadas,
recobertas com ladrilhos.
 
Pareciam com gigantescos bancos  -  daí sua denominação pela palavra árabe  "mastabe"  ou  "mastaba", que quer dizer  "lugar alto, banco".
 






 
 
As sepulturas, à princípio, parecem-nos uma versão bíblica do  "tu és pó e em pó hás de tornar"  -  e as posteriores, uma versão do fatalismo muçulmano : "na vida tudo é pó, exceto  ALLAH !".
E o faraó nada mais era, senão um deus vivo, encarnado.
 

Mástaba de  SHEPSESKAF 
 
 
As   mástabas   eram edificadas  "sobre uma base quadrangular, com paredes ligeiramente inclinadas.  Em sua construção empregavam blocos de pedra, substituídos posteriormente por tijolos de barro nilótico, amassado com palha triturada e secados ao sol.
Mais tarde, as mástabas foram ampliadas, agregando uma câmara para o culto e um   "serdab"   -  onde permanecia uma estátua do defunto, com o  'ká', que se alimentava das oferendas.
Nos tempos da  V Dinastia, a mástaba contava uma série de câmaras, como as do cemitério de  Sakkara, nas proximidades de Mênfis, então famosas por suas  "muralhas brancas".
As paredes eram decoradas com afrescos e hieróglifos"
HEINRICH NEUMAYER  -  "Pintura Egípcia" ).
 
 
 
 
Os egípcios são os primeiros arquitetos da humanidade  e o demonstram à partir da  III Dinastia, época em que é erguida a  primeira pirâmide   e o imponente conjunto monumental de  Sakkara.
 
 
 
 
 
 Cortando a pedra.
( The History Channel )
 
Na pedreira de Assuã podem ser vistos inúmeros sulcos na pedra, onde colocavam as cunhas de madeira que, encharcadas de água, dilatavam-se e partiam a rocha.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
A arquitetura é feita de cálculos rigorosos, da solução de árduos problemas de estética... e é justo que nascesse no Egito, onde a matemática era tida como  a  "porta de entrada do conhecimento de todas as coisas ".
 


 
As últimas mástabas foram construídas no início do  Médio Império.
 
À partir de então os altos funcionários e dignatários começaram a edificar suas tumbas inseridas nas rochas  ( "hipogeus" ), ou túmulos comuns parecidos com as mástabas, mas de cobertura em pirâmide.
 
A diferença se fazia quanto à posição das câmaras :  a sepulcral achava-se no nível do solo, com o  "serdab" ;  as outras eram subterrâneas.
 
 



 
 
MENTUHOTEP  rompe com a tradição, mandando cavar um grandiosos templo, semi-escavado no rochoso  Deir-el-Bahari, templo esse precedido por um longo plano inclinado, compridos corredores e vastos terraços,  tudo isso coroado por uma imponente pirâmide.
 
5 séculos depois,  SENMUT  inspirou-se nas linhas fundamentais do templo de  MENTUHOTEP  para edificar o de  HATSCHEPSUT, uns 300 m. no seu  lado direito.
Tal templo é chamado  "Stabl Ântar" ( = estábulo / cocheira ).
 
 
HOWARD CARTER,  que explorou o primeiro santuário, constatou no decurso de seus trabalhos arqueológicos, que os alicerces eram calçados com largas e longas placas de madeira, não permitindo que a areia os absorvesse.

 
Os murais mostram os operários antigos servindo-se de
níveis,
prumas,
esquadros,
argamassa de pedra e cal.
 
 
 
O poder e a riqueza dos faraós da XII Dinastia estão bem patenteados nos magníficos edifícios que ergueram.
 
 
SHEPERKARA  SENUSERT  constrói os primeiros blocos quadrangulares em forma de agulha, terminados em ponta piramidal  ( = "piramidium" ), erguendo-os defronte ao templo de Heliópolis.
 
 
 
Esse monumento teve a designação hieroglífica 'mnw'  ou  'tkln',  a grega  "obelisco", sendo batizados na Idade Média como  "agulhas de Cleópatra".  Entretanto, nenhuma das 7 Cleópatras rainhas ergueu um deles.
 
 
 
"piramidium"  ou  'bembenet'  era coberto por uma capa metálica, formada de uma liga de prata dourada ou cobre.
Nas  4 faces polidas da  "agulha"  gravavam hieróglifos glorificando o deus ou o faraó.





 
Esses gigantescos monólitos eram extraídos das pedreiras de granito róseo de Assuan e dos  150 ou 200  originais, somente uns  40 chegaram até nós.





Em Assuan pode-se visitar um obelisco inacabado, mandado construir talvez por  HATSCHEPSUT, mas que foi abandonado por ter se partido.  O  interessante é que se pode ver como a pedra era trabalhada, abrindo-se cavidades que eram preenchidas com talas de madeira e embebidas na água.  A dilatação da madeira fendia a rocha, cortando-a.

Agora imagine todas as técnicas de engenharia  para levantá-lo, transportá-lo rio  abaixo  e erguê-lo sobre um pedestal no local onde deveria permanecer.

No filme de CECIL B.DE MILLE -  "Os Dez Mandamentos" fizeram uma reconstituição desse perigoso, mas sublime momento, de muito orgulho para os engenheiros.


 
Após 1952 constatou-se que o tom róseo das colinas de Assuan, brilhantes à luz do dia e escarlate ao pôr-do-sol, indicava uma reserva de  135 milhões de toneladas de minério de ferro para o Egito.



Obelisco do Templo de AMEN-RÁ em Karnak.

 
 
Quase 20 obeliscos estão em pedaços.
 
Em Tânis,  7 a 8 encontram-se espalhados nas ruínas do grande templo.
 
O Mar Mediterrâneo deve ter arrastadp algumas vítimas para as suas profundezas  e atualmente o Egito só possui  4  em pé :
um, no Templo de Luxor  (RAMSÉS  MIAMEN ),
dois em  Karnak  ( THOTMÉS I  e  HATSCHEPSUT ),
e o quarto faz no meio de campos de cana-de-acçúcar  não muito distante do Cairo, a 6m. de profundidade de lodo  :  os restos do grande  'Bembem'  do  Templo de Heliópolis.
 
 
Obelisco egípcio na Praça de São Pedro, no Vaticano  - trazido do Egito por ordem de  CALÍGULA para enfeitar o  Circo Máximo  romano.  Tem 43 m.de altura.
 






 


"A  Roma cristã no Século XVI, destruiu obras arquitetônicas antigas, do período da Roma velha, que cercavam o Fórum Romano. 
Para ornar suas fontes os papas mandavam retirar o mármore dos monumentos antigos.
O  "Serapeu" (Egito) foi dinamitado e as pedras em bom estado empregadas na cavalariças do Papa INOCÊNCIO.
Durante séculos o Coliseu serviu de pedreira e o próprio PIO  IX continuou a obra de destruição, ainda em 1860, a fim de erguer e adornar monumentos cristãos com dádivas pagãs"
OTTO NEUBERT  -  "O Vale dos Reis", pág 32 ).
 


 
 
 
Os outros obeliscos espalham-se pela Europa :
 
12 em Roma,
2   em  Istambul.
Berlim tem um com apenas 1 m.
 
ISMAIL PAXÁ  ofereceu um à  rainha  VITÓRIA  e outro ao presidente norte-americano  CHESTER  ALAN  ARTHUR.
 
Em 1830,  MOHAMED ALI  presenteou a  França, pelo êxito de CHAMPOLLION, com um dos gêmeos do Templo de Karnak, tirado do pedestal  a  24/10/1831, só chegando à  Place de La Concorde, em Paris, a 25/10/1836, tal o trabalho de transporte, apesar da técnica moderna.

Pilone de entrada ao Templo de Luxor, com um dos obeliscos ;
 o outro foi retirado do seu pedestal e oferecido de presente à França.

Este é  o obelisco da Praça da Concórdia (Paris), que foi retirado da fachada do Templo de Luxor e presenteado à França por  MOHAMED ALI  ( por que não mandou construir um ? )
Tem 23 m. altura e pesa  230 toneladas.





Os faraós da XVIII Dinastia seguiram o exemplo dos nobres, edificando seus túmulos num rochoso vale solitário, situado na margem esquerda do Nilo, bem defronte a Luxor e Karnak.

Devido à grande quantidade  de tumbas ali existentes, deram-lhe o nome  de  "Vale dos Reis"  (=  wadi-l-múlúk).

O maciço rochoso é dominado pelo  'Cimo do Ocidente', de aspecto piramidal, onde, acreditava-se, repousavam os reis antecedentes.




Os títulos de arquitetos se tornaram comuns na seguinte hierarquia :

'Eu era um construtor comum, quando Sua Majestade me conheceu. Sua Majestade conferiu-me os títulos sucessivos de
'Construtor Corrente',
'Oficial de Construtor',
'Mestre Construtor',
'Mestre dos Obreiros'.
Depois, os cargos sucessivos de
'Construtor e Arquiteto Real',
'Agregado Real',
'Real Construtor e Arquiteto',
segundo a autobiografia de  NEKHEBU.


Mas havia outros títulos além desses :
'Interventor das Obras Reais',
'Superior dos Superiores',
'Superintendente dos Superintendentes das Obras'.

A vara de medir começava a ser usada pelo  'Oficial de Construtor'.





DAVIES  -  "Ken Amun",   completa a nossa relação de títulos dando as denominações egípcias dos que construíam as casas e palácios :  os  'iqdu'  (= pedreiros), subdivididos em duas classes  -  os  'iqdu gesit'  (=  pedreiros menores)  e os  'iqdu inebu'  (=  pedreiros de muros).




Tebas é a capital do reino e os templos, palácios e túmulos de suas adjacências atestam um impulso de gratidão aos deuses, pela liberdade conseguida por  AAHMÉS, do  flagelo hikso  ...   o furor construtivo ataca não só os reis como também os nobres.

THOTMÉS  foi o primeiro a romper com o costume de contruir, lado a lado, o túmulo e o templo funerário.
INENI, seu arquiteto, incumbiu-se da renovação, relatando-nos ele próprio :
'Só eu supervisionei a construção do túmulo de Sua Majestade ; ninguém jamais soube ou ouviu falar nisso'.

Por essa inscrição, tiramos várias suposições :
-     que havia quadrilhas de salteadores atormentando o sono eterno de muitos reis ;
-     que foi preciso edificar tal tumba em absoluto segredo ;
-     que durante anos os trabalhadores viveram completamente isolados do resto do mundo ;
-     que nenhum deles escapou da morte, ao finalizarem a obra.




Sob  MENKHEPERURA  THOTMÉS  (1.415 aC.), teve inicio um novo sentimento artístico, naturalista, viváz e anti-hierático, que muito deveu às influências exteriores.

O pavimento do palácio de  NEBNARA  AMENHOTEP  e a decoração do  'merkebet'  (= carro de guerra)  de  MENKHEPERURA, são traços do novo expoente.

Nas tumbas dessa época encontramos  cretenses e egeus levando presentes do Egito.



As  habitações  egípcias eram cercadas por muros muito altos.
Como a brisa do Mediterrâneo vinha do Norte, todas as fachadas orientavam-se para aquela posição.
As casas eram, por sua vez, altas, espaçosas, arejadas e cheias de serventes.

"Os construtores haviam desenvolvido um tijolo para usos variados, feitos com barro e lama, e um tipo menor, para fins decorativos"
JON  MANCHIP WHITE  -  "Everyday Live in Ancient Egypt").


"Esses tipos de tijolos, secados pela ação do sol, revela uma dureza quase igual à da pedra. Não resta dúvida que sabiam cozer tijolos no forno, mas sentiam-se mais satisfeitos com os secados ao sol"
WALTER B. EMERY  - "Archaic Egypt" ).


Maquete de residência


Esteiras de palha, misturadas com barro, serviam de estuque.

Os telhados eram forrados com madeira, cobertas pelas esteiras de lama endurecida.


A madeira sempre foi usada pelos trabalhadores egípcios :
vigas para o assoalho,
vigas para os telhados,
para as estátuas,
para os móveis,
para sarcófagos e ataúdes.


Maquete de residência






















As residências dos trabalhadores eram bem mais simples.
FLINDERS  PETRIE  escavou no  Faiúm várias residências de trabalhadores da XII Dinastia.







O Novo Império quiz que os templos  fossem tão grandiosos a ponto de não conseguir lotá-los com a população inteira de uma cidade.
Um deles é a maior basílica do mundo :  o  Templo de Karnak, dedicado a  AMEN-RÁ. Os antigos chamavam  "Karnak", o 'Trono das Duas Terras'.



 
O Templo de Karnak
( The History Channel )




"Sua área é imensa : do grande templo de MUT  (ao Sul), até a última parede do Templo de  MENTU (ao Norte), há 1.300 m.  -  a mesma distância do  Parque do Cinquentenário à Avenida das Artes, em Bruxelas ;  de  Saint-Germain l'Auxerrois à  Place de la Concorde, em Paris ;  do Picadilly-Circus  ao  Hyde Park Corner, em Londres "
JEAN CAPART  -  "Thèbes - La Gloire d'um Grand Passé" ).


O circuito de AMEN  mede pouco mais que 2.000 metros, encerrando  25 hectares, representando, em Paris, a superfície da Ilha Saint-Louis.


Desde a XII Dinastia deram-lhe ampliações suntuosas.
A primeira impressão de quem visitasse a  Sala Hipostila do Templo de Karnak,  "seria a de esmagamento sob uma massa sufocante de pedra"
JON MANCHIP WHITE  -  obra citada).








 
 
Edfú   foi a capital do 2º nomo do Alto Egito, chamado  'Djeb' pelos egípcios e  Apolinópolis Magna pelos gregos.
HÓRUS, filho de OSÍRIS e ÍSIS, era seu deus protetor.
 
Aqui, PTOLOMEU III  ( Período Grego ) mandou erguer um belíssimo templo, relacionado com a história mística e primitiva do Egito :  um templo em homenagem ao deus HÓRUS.
Os trabalhos da construção se prolongaram por 180 anos !
 
No final do Antigo Império surgira a crença de que os faraós eram uma encarnação de HÓRUS. O faraó, ao morrer, torna-se um OSÍRIS, ao passo que seu filho ocupava o trono como um novo  HÓRUS.
 
Os hieróglifos de suas paredes descrevem as lutas de HÓRUS contra os correligionários de seu tio SETH, o deus do mal, fraticida de OSÍRIS ... e mostra também a generosa ÍSIS amamentando seu filho, futuro rei de todo o Egito.
 
Algumas salas descrevem as cerimônias rituais diárias das quatro grandes festas anuais a esse patrono dos faraós.
 
No  'sancta sanctorum'  (o santuário), os hieróglifos falam do nascimento do deus e trazem listagens de minerais e vegetais, receitas de perfumes e unguentos para os rituais sagrados.
Um andor em forma de barca sagrada levava a estátua de HÓRUS nas procissões litúrgicas.
 
Edfú é uma visita obrigatória para turistas, egiptólogos ou pesquisadores do mundo inteiro ;  é um dos templos mais bem preservados !
 
 








Dois   tipos de colunas   compunham o salão retangular  (103 X 10m. de circunferência) :  as do tipo lotiforme, eram menores ;  "as colunas maiores, por serem mais altas e espessas, estavam mais perto do Sol quando este passava sobre o Templo, e o calor, supunha-se, induzia as flores a abrirem-se antes das outras"



As colunas  egípcias, quase sempre decoradas, possuíam várias formas estilizadas, de acordo com a forma de seus capitéis :

#   em feixe ou cilíndrica, tornavam-se mais grossas na base, trazendo decorações ;
#    lotiforme            (flor ou flores fechadas) ;
#    campaniforme   (flor de lótus aberta) ;
#    palmiforme        (folhas em feixe ) ;
#    hathórica            (com o rosto da deusa HATHOR).


Colunas campaniformes  -  Templo de Luxor
Capitel Hathórico
Colunas centrais palmiformes -  Templo de Kom Ombo.




Em todo o lugar onde se vá, no Egito, tem algum templo dedicado a alguma divindade , ou comemorativo de guerras.



Imagem noturna do Templo de Abu Simbel, construído por RAMSÉS II.

Imagem noturna do Templo de NEFERTARI, construído por RAMSÉS II para homenagear sua esposa.


Estes dois templos foram cavados totalmente dentro da rocha e unem a essência dos princípios masculino e feminino, pelos deuses
HÓRUS  e  HATHOR, deliberadamente confundidos com  RAMSÉS e sua amada  NEFERTARI.

A fachada de Abu-Simbel tem  32m. de altura por 38m. de largura e apresentam 4 colossos de Ramsés II, de 20 metros, identificado ao deus-sol  RÁ : um templo para comemorar o nascimento diário do sol.  
No seu interior está relatada a vida pública e conjugal do faraó.

O templo menor, dedicado a deusa HATHOR e a NEFERTARI, tem 13 m. de altura e 32 m. de largura.  No portal aparecem estátuas do faraó cortejando as de sua mulher.  Aí também aparecem os filhos do casal faraônico

( Nota :  faremos uma postagem especial sobre estes dois templos, com filmagem própria ).









"Pilone"   era o nome correspondente ao pórtico monumental dos templos e cidades, formado por paredes inclinadas, semelhantes às das  mástabas.

Pilone de entrada do Templo de Luxor construído por RAMSÉS II.



Geralmente a fachada dos templos eram precedidas por uma  alameda de  esfinges, emparelhadas em duas fileiras, como as que ornam o Templo de  Wadi-el-Sebua   (na Alta Núbia), o Templo de KONSU em Karnak  e no  Deir-el-Bahari.


Quadro de  Edward Pointer -  "O leão dourado", alusivo a uma esfinge egípcia.



















Há 2 tipos de  esfinges :

#   crioesfinge  -  representando o carneiro de AMEN, protegendo a figura de Faraó entre suas patas dianteiras ;
#   androesfinge  -  com corpo de leão e rosto humano.


As primeiras esfinges remontam ao fim da  III Dinastia  ou inicios da IV.

Sob a  XII, os artistas deram impulso a esses trabalhos esculturais, criando esfinges de uma beleza nunca inigualadas.

Acreditou-se muito tempo que as esfinges de  Tânis fossem obras dos hiksos,  "pelas características leoninas se acharem acentuadas de maneira muito nova".

Mas se enganavam :  todas foram produtos da vigorosa  XII Dinastia.




"A esfinge do  Médio Império parece encarar o poder e a permanência do Estado, a expressão das aspirações e preocupações do momento ;  as do Novo Império, são produtos tardios de uma arte que já vai envelhecendo e um verdadeiro resto ancestral brilha languidamente no rosto sorridente das do período greco-romano"
(   KURT LANGE  -  "Pyramidem, Sphinx, Pharaonen" ).




Todas elas seguiram as linhas fundamentais da primeira e maior delas :  a  Grande Esfinge de  Gizé, denominada  "Abu-hôl" (= pai do terror ), pelos árabes.






Esta Grande Esfinge de Gizé foi construída por  KAFRÁ :
tem 73,5m. de comprimento ,
20 m. de altura ,
1,57 m.  (altura da orelha) ,
1,70 m.  ?   (comprimento do nariz) ,
2,32 m.  (largura da boca),
4,15 m.  (largura da face).

Há compartimentos dentro deste monumento, mas não estão abertos à visitação pública.




Observe entre as patas da Esfinge a estela de granito com o sonho de THOTMÉS.



sonho de  THOTMÉS IV  é um documento muito antigo referente à  Esfinge de Gizé, gravado numa lousa de granito e colocada entre as patas leoninas do monumento.
Em sonhos, ouviu o príncipe o que o espírito divino da Esfinge lhe dizia :

'Olha-me e observa-me, oh meu filho THOTMÉS !
Eu sou teu pai, o deus  HORAKHTE KHEPERU-RÁ  ATUM.
Quero dar-te soberania legal.
À tua pessoa pertencerá a terra em toda sua largura e comprimento...
À ti estão destinadas todas as riquezas do Egito e os ricos tributos dos países.
Já há anos que meus olhares e meu coração estão voltados para a tua pessoa.
A areia do deserto me oprime.
Promete-me satisfazer este desejo porque serás meu salvador, oh meu filho ...'

THOTMÉS atende o pedido, livra-a da areia e a promessa é cumprida :  sobe ao trono do Egito sob o nome de  MENKHEPERURÁ THOTMÉS, tornando-se um dos maiores faraós de toda a história dos egípcios.






Mais antiga é a inscrição que se conserva na base da escultura: 

'Eu protejo o teu templo e o teu túmulo.
Guardo tua câmara sepulcral.
Afasto o estrangeiro intruso.
Sepulto-o na terra com suas armas.
Destruirei teus adversários nos seus criminosos esconderijos, para que nunca possam retornar'.




Mas, de onde vem essa palavra e o que significa  "esfinge" ?
A origem é grega e quer dizer  "estranguladora".
Mas a esfinge egípcia nada tem a ver com a de ÉDIPO, muito menos com a lenda.
Nunca revelou o seu segredo.

Durante do  Médio Império nomeavam-na  'Seshep-ank' (=  estátua viva).
'Eu sou HORAKHTE'  (= HÓRUS no horizonte).


A Esfinge de Gizé foi alvo de tiro para os canhões e mosquetes mamelucos.

A serpente frontal e a barba postiça caíram, preservando-se alguns fragmentos no Cairo e em Londres.

Após sua construção, foi pintada a cores vivas


Antigo desenho mostrando o corpo da Esfinge todo soterrado pela areia do deserto



Misteriosa e muda, viu o despontar da aurora dos tempos.

Misteriosa e muda, viu todos os faraós e sua História ;
viu CLEÓPATRA  e  CÉSAR ;
viu ALEXANDRE  e  NAPOLEÃO.

Misteriosa e muda, incute na consciência humana espantosos simbolismos :

"é o símbolo de pedra do poder real" ,
"é o símbolo da vida que renasce" ,
"é o guardião fiel ao pé do seu senhor" ,
"é o símbolo da união da força com a inteligência" ,
"é o tronco real do qual descendem os faraós",´
"é a luta do homem para emergir da fera !",

"je suis l'ami d'um pharaon et je suis aussi ce pharaon",
"eu vi o nascer de todos os sóis de que os homens tiveram lembrança".




 

Um beijo na  Esfinge  :  foto que toda turista quer tirar






Segundo a mística, a Esfinge é símbolo da ciência Atlante e foi erguida ao tempo do domínio dos Atlantes ( Atlântida ) na terra de 'Kemi', antes de  MENÉS. 
Ela encerra os 4 verbos do mago, as chaves da vitória do homem na luta pela vida :
saber       ( Inteligência ) ,
querer      ( Vontade ) ,
ousar       ( Ousadia ) ,
calar        ( Sigilo ) .












 

CINEMA  CHINÊS  : 
(El Pueblo em Línea),14/05/2014 -  Esta foto del 10 de mayo muestra um modelo a tanaño real de la Gran Esfinge de Egipto em um lugar de rodaje cinematográfico de Shijiazhung, capital de la Provincia de Hebei.  La estrutura mide 60 metros de longitude y 20 metros de altura, y los visitantes pueden entrar em el interior a través de uma puerta frontal.  Pero a diferencia de la esfinge real, que es de piedra, la imitación tiene uma estrutura de acero y está cubierta de cemento, com uma capa de pintura que simula las piedras calizas del original.
 
http://spanish.peopledaily.com.cn/92122/8627165.html










Os gregos reconheciam haverem aprendido muito dos egípcios, pois estes contribuíram na formação de sua própria vida.
Foi um egípcio chamado  CÉCROPS quem fundou Atenas.

Na sua arquitetura, os gregos aplicaram certos refinamentos destinados a corrigir ou compensar erros ou deformações visuais.
Segundo sérias conclusões de especialistas, os egípcios adotaram, no Templo de Medinet Habu, inteligentes e sensíveis correções visuais.

O mural, inventado no Egito, ultrapassou as fronteiras do seu país e do tempo e se fixou como um monumento de arte imortal.







 

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